A Nasa, por meio de seu Gabinete do Inspetor-geral (OIG), divulgou um relatório que revela problemas no desenvolvimento do foguete da missão Artemis 4, o Space Launch System (SLS) Block 1B. O documento indica que o componente, que está em desenvolvimento desde 2014, não atende aos padrões internacionais e aos requisitos da agência.
Originalmente, a Boeing deveria ter entregue o estágio superior do SLS, conhecido como Exploration Upper Stage (EUS), em 2021 para lançamento com o Artemis 2. Este estágio tem o potencial de aumentar a capacidade de carga do foguete em até 11 toneladas em missões para a Lua. No entanto, o relatório aponta que os atrasos elevaram os custos de aproximadamente R$ 5,2 bilhões para R$ 11 bilhões.
O lançamento inaugural da Artemis 4 está previsto para setembro de 2028, mas enfrenta riscos de adiamento devido aos problemas no desenvolvimento do EUS, que tem a data de entrega prevista para abril de 2027.
A missão Artemis 4 não tem apenas o objetivo de levar humanos de volta à Lua, mas também de enviar as primeiras mulheres e pessoas afrodescendentes ao satélite.
Durante a elaboração do relatório, funcionários dos centros de desenvolvimento do foguete foram entrevistados e revisões foram feitas em documentações, controles de qualidade, cronogramas e orçamentos. O relatório destacou que o principal problema na construção do EUS é a escassez de trabalhadores aeroespaciais qualificados e experientes na Boeing.
Apesar dos esforços da empresa para mitigar esses desafios por meio de treinamentos, o OIG considera as ações insuficientes, especialmente devido às deficiências significativas de controle de qualidade na fábrica de Michoud.
Além disso, o relatório aponta que os aumentos de custos e os atrasos foram exacerbados por mudanças nos requisitos técnicos, nas prioridades de financiamento da Nasa e nas diretrizes emitidas pelo Congresso, que buscavam acelerar o desenvolvimento do foguete.
A previsão de custos para o EUS até 2028 pode chegar a R$ 11 bilhões, um aumento de R$ 5,8 bilhões em relação à estimativa inicial.
O OIG fez várias recomendações à Boeing, incluindo a implementação de um programa de treinamento em gestão de qualidade, a aplicação de penalidades financeiras pelo não cumprimento dos padrões de controle de qualidade e uma análise detalhada dos custos excedentes e dos prazos até o momento. Essas recomendações foram aceitas pela empresa.
Além disso, a Boeing enfrenta outros desafios no setor espacial. Os astronautas da Nasa Suni Williams e Butch Wilmore, que deveriam passar uma semana na Estação Espacial Internacional (ISS) no primeiro voo tripulado da Starliner, já estão lá há mais de dois meses devido a problemas com a aeronave e podem permanecer até o início de 2025.
Por fim, a Nasa lida com constantes adiamentos nas missões Artemis, incluindo a primeira missão, que foi um teste não tripulado da cápsula Orion ao redor da Lua. As missões subsequentes, originalmente programadas para 2024 e 2025, também foram adiadas.